O gaokao é o exame nacional chinês que determina o acesso ao ensino superior, sendo considerado um dos vestibulares mais difíceis do mundo. Com duração de 4 dias, avalia conhecimentos profundos e define o futuro acadêmico dos estudantes. Recentes reformas incluem questões interdisciplinares e maior uso de tecnologia, mantendo seu papel crucial no sistema educacional chinês.
O gaokao não é apenas um exame, é um marco na vida de milhões de jovens chineses. Em 2025, o maior vestibular do mundo trouxe novidades tecnológicas e medidas rigorosas para garantir a integridade das provas. Será que essas mudanças vão impactar o futuro dos estudantes?
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ToggleO que é o gaokao e sua importância na China
O gaokao é o exame nacional de admissão ao ensino superior na China, considerado um dos vestibulares mais difíceis do mundo. Realizado uma vez por ano, ele dura entre dois e três dias, dependendo da província. Mais de 10 milhões de estudantes se inscrevem anualmente, tornando-o uma competição acirrada.
Para muitas famílias chinesas, o desempenho no gaokao pode definir o futuro profissional e social dos jovens. Uma boa nota abre portas para as melhores universidades do país, como Peking University e Tsinghua. Já uma pontuação baixa limita drasticamente as opções de carreira.
O exame testa conhecimentos em matemática, chinês, língua estrangeira (geralmente inglês) e ciências ou humanas, conforme a área escolhida. A pressão é tão grande que alguns alunos estudam até 12 horas por dia durante anos para se preparar.
Culturalmente, o gaokao reflete valores importantes na sociedade chinesa: mérito, disciplina e igualdade de oportunidades. Apesar das críticas ao sistema, ele ainda é visto como o método mais justo para ascensão social no país.
Datas e duração do exame em 2025
Em 2025, o gaokao será realizado nos dias 7 e 8 de junho na maioria das províncias chinesas. Algumas regiões, como Xangai e Zhejiang, estendem o exame para três dias, até 9 de junho. Os horários variam conforme a matéria sendo aplicada.
No primeiro dia, os estudantes fazem provas de chinês pela manhã e matemática à tarde. O segundo dia concentra os testes de língua estrangeira e ciências/humanas. Cada prova dura entre 2h e 2h30, com intervalos para descanso e alimentação.
As datas do gaokao raramente mudam, pois são planejadas para evitar conflitos com feriados importantes. Em 2025, cai num final de semana, o que facilita a logística para milhões de participantes. As provas começam pontualmente às 9h e 15h, com tolerância zero para atrasos.
Vale lembrar que estudantes com necessidades especiais podem solicitar tempo adicional. O governo chinês também oferece datas alternativas para candidatos que enfrentarem emergências de saúde ou desastres naturais.
Estrutura da prova e disciplinas avaliadas
O gaokao tem uma estrutura fixa com quatro provas obrigatórias: chinês, matemática, inglês e uma matéria específica. Essa última muda conforme a área escolhida pelo aluno – ciências (com física, química e biologia) ou humanas (história, geografia e política).
Cada prova vale 150 pontos, totalizando 750 pontos possíveis. A de chinês testa interpretação de textos clássicos e redação. Já matemática exige cálculos complexos em 2h30 de duração. Inglês avalia gramática, vocabulário e compreensão auditiva.
As questões misturam testes objetivos (60%) e dissertativas (40%). Algumas províncias como Jiangsu incluem perguntas extras sobre cultura local. Desde 2020, há mais ênfase em raciocínio lógico do que em decoreba pura.
Uma curiosidade: a redação do gaokao é famosa por temas surpresa que testam criatividade. Em 2024, por exemplo, pediram para analisar um provérbio antigo sobre perseverança. Os corretores avaliam originalidade, coerência e domínio da língua.
Como funciona a pontuação e avaliação
O sistema de pontuação do gaokao é rigoroso e padronizado em toda a China. Cada uma das quatro provas principais vale 150 pontos, somando 600 pontos no total. A redação sozinha representa 60 desses pontos na prova de chinês.
As notas são calculadas por computador para evitar erros humanos. Dois corretores diferentes avaliam cada questão dissertativa. Se houver diferença maior que 10%, um terceiro profissional é chamado. As provas objetivas são lidas por máquinas especiais.
O processo é tão sério que os alunos nem recebem as provas corrigidas de volta. Eles apenas ficam sabendo a nota final. Para entrar nas melhores universidades, é preciso marcar acima de 630 pontos. Já 500 pontos garantem vagas em faculdades comuns.
Um detalhe importante: desde 2021, o governo chinês proibiu a divulgação dos “top scores” para reduzir a pressão. Mas todo mundo sabe que para cursos concorridos como medicina, a margem de erro é mínima.
Perfil dos participantes do gaokao
Os participantes do gaokao são principalmente estudantes de 17 a 19 anos que concluíram o ensino médio. Em 2025, estima-se que 11,2 milhões de jovens farão o exame, sendo 52% meninas e 48% meninos. A maioria vem de escolas públicas regulares.
Há três perfis principais: os “fenomenais” que estudam 14h por dia, os “equilibrados” que mantêm rotina regular, e os “despreparados” que deixaram para a última hora. Cerca de 15% são repetentes tentando melhorar suas notas do ano anterior.
Um dado curioso: apenas 0,3% dos candidatos têm mais de 25 anos, pois o governo chinês restringe a participação de adultos. Estudantes de minorias étnicas recebem pequenos bônus na pontuação final.
As cidades com maior número de inscritos são Pequim, Xangai e Guangzhou. Mas são os alunos de províncias rurais que enfrentam os maiores desafios, muitas vezes estudando em escolas com poucos recursos.
Tecnologia vs. bloqueio de ferramentas de IA
O uso de tecnologia em provas como o gaokao virou um grande desafio. Enquanto os alunos buscam vantagens com ferramentas modernas, as escolas investem em sistemas anti-cola. Em 2025, todas as salas terão detectores de metais e bloqueadores de sinal.
As ferramentas de IA são o novo foco da preocupação. A China já proibiu o uso de relógios inteligentes, fones de ouvido e até canetas especiais. Os fiscais recebem treinamento para identificar dispositivos escondidos em mochilas ou roupas.
Mas a tecnologia também ajuda na segurança. Câmeras com reconhecimento facial evitam fraudes na identificação. Sistemas de inteligência artificial analisam padrões de respostas para flagrar colas. Mesmo assim, alguns alunos ainda tentam burlar as regras.
O governo chinês anunciou que em 2026 testará um novo sistema de vigilância. Ele usará algoritmos para monitorar o comportamento dos alunos durante a prova. Qualquer movimento suspeito será registrado automaticamente.
Medidas de segurança e vigilância
O gaokao tem um dos sistemas de segurança mais rigorosos do mundo. Todas as salas de prova contam com detectores de metal e bloqueadores de celular. Os fiscais passam por treinamento especial para identificar qualquer comportamento suspeito.
Cada candidato é verificado por reconhecimento facial antes de entrar. As provas ficam guardadas em cofres blindados até o último minuto. Nas cidades maiores, até drones são usados para monitorar os arredores das escolas.
Em 2025, novas regras proíbem até mesmo relógios comuns. Só é permitido usar aqueles analógicos e transparentes. As canetas são fornecidas pela organização, todas iguais para evitar fraudes.
Quem for pego colando pode ser banido por até 3 anos. Em casos graves, há até prisão para quem vaza questões. Tudo isso mantém o gaokao como um dos exames mais justos do mundo.
Impacto do exame no futuro acadêmico
O gaokao define o futuro acadêmico de milhões de estudantes chineses. A nota obtida decide se o aluno entra nas melhores universidades ou precisa se contentar com opções menos concorridas. Uma diferença de poucos pontos pode mudar completamente a trajetória profissional.
Quem tira acima de 600 pontos tem acesso às universidades de elite como Peking e Tsinghua. Essas instituições abrem portas para os melhores empregos e oportunidades no exterior. Já os resultados entre 500 e 600 pontos garantem vagas em faculdades públicas de bom nível.
Os alunos com notas mais baixas precisam optar por instituições privadas ou cursos técnicos. Muitos acabam tentando o exame novamente no ano seguinte. O governo chinês oferece algumas bolsas para estudantes talentosos de famílias pobres.
O exame também influencia a carreira de outras formas. Algumas empresas pedem a nota do gaokao mesmo anos depois da formatura. Para muitos chineses, essa prova é realmente o divisor de águas na vida profissional.
Comparação com outros vestibulares globais
O gaokao é considerado um dos vestibulares mais difíceis do mundo. Enquanto no Brasil o ENEM dura dois dias, na China o exame ocorre em quatro dias consecutivos. A pressão sobre os estudantes chineses é muito maior que em outros países.
Comparado ao SAT americano, o gaokao testa conhecimentos muito mais específicos. Nos EUA, as provas são mais focadas em raciocínio lógico. Já na China, os alunos precisam decorar fórmulas e conteúdos complexos.
Na Europa, muitos países nem têm vestibular – usam apenas as notas do ensino médio. O sistema chinês é mais parecido com o vestibular coreano, que também é extremamente competitivo. Mas o gaokao tem o dobro de candidatos.
Uma diferença importante: na China não há segunda chamada ou lista de espera. Quem perde a prova precisa esperar um ano inteiro para tentar de novo. Isso aumenta ainda mais a pressão sobre os estudantes.
Relatos de estudantes e suas experiências
Os relatos de estudantes sobre o gaokao mostram histórias emocionantes. Muitos contam que estudaram 12 horas por dia durante meses. Alguns até usavam lanternas para ler escondidos depois que os pais mandavam dormir.
Chen Li, de 18 anos, diz que sua rotina incluía 50 exercícios de matemática por dia. “Minhas mãos doíam de tanto escrever”, lembra. Já Wang Fang chorou quando viu que caiu exatamente o tema que ela tinha revisado.
Há também histórias tristes. Zhang Wei teve crise de ansiedade durante a prova e precisou sair. “Treinei tanto, mas na hora meu corpo traiu”, desabafa. Outros estudantes contam que os pais alugaram apartamentos perto da escola só para o exame.
Mas há casos inspiradores. Li Hong, de uma vila rural, passou em Pequim mesmo sem professor particular. “Sabia que era minha única chance”, diz ela, que hoje estuda medicina.
O que esperar para as próximas edições
As próximas edições do gaokao devem trazer mudanças significativas. O governo chinês anunciou que em 2025 o exame terá novas questões interdisciplinares. Elas vão testar a capacidade de relacionar conhecimentos de diferentes áreas.
A partir de 2026, a prova de inglês terá mais foco em conversação. Isso reflete a preocupação em preparar os alunos para um mundo globalizado. A redação também deve ganhar peso na nota final.
Especialistas dizem que a tecnologia terá papel ainda maior. Sistemas de inteligência artificial vão ajudar a corrigir provas mais rápido. Mas também haverá mais recursos para evitar cola digital.
Outra novidade será a inclusão de temas atuais como sustentabilidade. As questões de ciências podem abordar energias renováveis e mudanças climáticas. Tudo para formar estudantes mais preparados para os desafios do futuro.
O que o futuro reserva para o gaokao
O gaokao continua sendo a prova mais importante na vida dos estudantes chineses. Com as mudanças planejadas, ele se tornará ainda mais completo e moderno.
A evolução do exame mostra como a China valoriza a educação de qualidade. As novas tecnologias e abordagens vão preparar melhor os alunos para os desafios do século 21.
Para os jovens chineses, o gaokao segue sendo a principal porta de entrada para um futuro promissor. A prova pode ser difícil, mas também é uma grande oportunidade.
O mais importante é lembrar que, além das notas, o que conta é o conhecimento adquirido e a capacidade de superar desafios.
Fonte: G1 Globo