A Operação Pushkin desmantelou uma quadrilha georgiana especializada em roubo de livros raros que atuava em bibliotecas europeias, utilizando falsificações perfeitas para substituir obras valiosas de autores como Pushkin e Gogol, com prejuízos milionários e impacto cultural significativo no patrimônio histórico.
E aí, sabia que aconteceu o roubo de livros mais audacioso da Europa desde a Segunda Guerra Mundial? Uma quadrilha georgiana especializada em falsificações perfeitas conseguiu levar milhões em obras raras de Pushkin e Gogol de bibliotecas universitárias… e o pior: ninguém percebia até meses depois!
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ToggleA invasão silenciosa: como os ladrões agiam nas bibliotecas

Os ladrões agiam como verdadeiros estudantes ou pesquisadores, frequentando bibliotecas europeias com identidades falsas. Eles passavam dias estudando os livros raros que pretendiam roubar, ganhando a confiança dos funcionários.
O método da substituição
A quadrilha criava cópias perfeitas dos livros originais, substituindo-os nas prateleiras sem levantar suspeitas. As falsificações eram tão bem feitas que os bibliotecários só descobriam o roubo meses depois.
Eles focavam em obras raras dos séculos XVII ao XIX, especialmente de autores russos como Pushkin e Gogol. Cada livro roubado valia entre 10.000 e 20.000 euros no mercado negro.
A logística do crime
Os ladrões viajavam entre países como França, Estônia, Letônia e Lituânia. Eles usavam malas com compartimentos especiais para transportar os livros roubados sem danificá-los.
A operação durou pelo menos três anos antes de ser descoberta. Durante esse tempo, roubaram centenas de livros valiosos de bibliotecas universitárias.
Beqa Tsirekidze: o ‘feiticeiro dos livros’ que comandava a operação

Beqa Tsirekidze era o cérebro por trás de toda a operação de roubo de livros raros. Este georgiano de 33 anos dominava a arte da falsificação como ninguém.
O mestre das falsificações
Tsirekidze criava cópias perfeitas que enganavam até especialistas. Ele estudava cada detalhe dos livros originais para reproduzir tudo com precisão incrível.
Seu conhecimento sobre encadernação e papel antigo era impressionante. Ele sabia exatamente como fazer as falsificações parecerem autênticas.
O comando da quadrilha
Beqa recrutava e treinava todos os membros do grupo. Ele ensinava como agir nas bibliotecas sem levantar suspeitas.
O georgiano controlava toda a operação desde a Geórgia. Ele coordenava os roubos e depois vendia os livros no mercado negro.
As autoridades o consideravam extremamente perigoso e inteligente. Sua habilidade fez dele um dos maiores falsificadores de livros da história.
A técnica das falsificações: cópias perfeitas que enganavam bibliotecários

A técnica de falsificação era tão avançada que até especialistas eram enganados. Os ladrões reproduziam cada detalhe dos livros originais com perfeição impressionante.
O processo de cópia
Eles usavam papel envelhecido artificialmente para matchar a textura antiga. A tinta especial imitava perfeitamente a cor e o desgaste dos originais.
As encadernações eram feitas manualmente com técnicas tradicionais. Cada costura e reforço seguia os padrões históricos dos séculos XVII a XIX.
Os detalhes que enganavam
Até as marcas de uso natural dos livros eram copiadas. Manchas de água, dobras de página e até anotações marginais eram reproduzidas.
Os falsificadores estudavam profundamente cada obra antes de copiar. Eles entendiam como o livro deveria parecer após séculos de existência.
Essa atenção aos detalhes fez as falsificações passarem despercebidas por meses. Bibliotecários experientes examinavam as cópias sem notar diferenças.
O mercado negro: milhões em leilões russos e criptomoedas

O mercado negro para livros raros movimentava milhões de euros anualmente. Os ladrões vendiam as obras roubadas através de canais secretos e leilões online.
Leilões russos e europeus
Muitos livros eram leiloados em sites russos especializados em antiguidades. Os compradores nem sempre sabiam que as obras eram roubadas.
Os preços variavam de 10.000 a 20.000 euros por livro. Obras especialmente raras podiam valer muito mais no mercado ilegal.
Pagamentos em criptomoedas
A quadrilha usava criptomoedas como Bitcoin para receber pagamentos. Isso dificultava o rastreamento pelas autoridades policiais.
As transações eram feitas através de carteiras digitais anônimas. O dinheiro depois era convertido para moedas tradicionais.
Esse sistema tornava quase impossível seguir o dinheiro. A polícia precisou de técnicas especiais para descobrir as transações.
Carimbos históricos: a complexa identificação de livros roubados

Os carimbos históricos eram a principal pista para identificar os livros roubados. Cada biblioteca europeia tinha seu próprio sistema de carimbagem único.
A importância dos carimbos
Essas marcas provavam a procedência legal das obras. Os carimbos mostravam em qual biblioteca o livro estava registrado.
Os falsificadores tentavam copiar os carimbos, mas cometiam erros. Pequenos detalhes nas cores ou formatos entregavam as falsificações.
O trabalho dos peritos
Especialistas em documentos históricos analisavam cada carimbo. Eles comparavam com arquivos oficiais das bibliotecas.
As diferenças eram muitas vezes mínimas, mas decisivas. Um traço mais fino ou uma cor levemente diferente bastava.
Essa análise demorada foi crucial para a investigação. Sem ela, seria impossível provar a origem dos livros roubados.
A Operação Pushkin: a investigação internacional que desmantelou a quadrilha

A Operação Pushkin foi uma investigação internacional que durou mais de dois anos. Polícias de sete países europeus trabalharam juntos para desmantelar a quadrilha.
A cooperação internacional
França, Estônia, Letônia, Lituânia e outros países compartilharam informações. A Europol coordenou toda a operação desde sua sede na Holanda.
As investigações começaram quando bibliotecas notaram livros falsos. A primeira descoberta aconteceu na Universidade de Tallinn, na Estônia.
As prisões e apreensões
Em abril de 2024, a polícia prendeu 13 suspeitos em vários países. Eles encontraram mais de 150 livros roubados durante as buscas.
Os agentes apreenderam equipamentos de falsificação e documentos falsos. O valor total dos livros recuperados chegou a milhões de euros.
Beqa Tsirekidze, o líder, foi preso na Geórgia. Outros membros da quadrilha foram detidos na França e na Estônia.
O legado perdido: o impacto cultural dos roubos nas universidades europeias

Os roubos deixaram um vazio cultural difícil de reparar nas universidades europeias. Muitas obras eram únicas e insubstituíveis para pesquisa acadêmica.
O prejuízo para a pesquisa
Estudantes e professores perderam acesso a fontes primárias importantes. Alguns projetos de pesquisa tiveram que ser interrompidos completamente.
Livros dos séculos XVII a XIX continham anotações históricas valiosas. Essas margens escritas à mão eram documentos únicos da época.
A perda do patrimônio cultural
Cada livro roubado representava parte da história cultural europeia. Sua ausência deixou lacunas nas coleções das bibliotecas.
Algumas universidades precisaram revisar toda sua segurança. Elas implementaram sistemas mais modernos de proteção aos acervos.
O caso serviu de alerta para instituições em todo o mundo. A proteção do patrimônio cultural se tornou prioridade máxima.
Conclusão
O caso do roubo de livros raros pela quadrilha georgiana mostrou como o crime organizado pode atingir o patrimônio cultural. A Operação Pushkin revelou a sofisticação desses ladrões e a importância da cooperação internacional.
As bibliotecas europeias aprenderam lições valiosas sobre segurança e preservação. A história serve de alerta para que outras instituições protejam melhor seus acervos históricos.
No final, o que fica é a lição de que nosso patrimônio cultural precisa de proteção constante. Cada livro roubado era mais que papel – era parte da nossa história coletiva.
Fonte: G1.globo.com