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Quanto mais a ciência avança, mais a gente percebe a nossa ignorância. Mais a gente percebe que não sabe nada. É justamente “o não saber” que cria intolerância, preconceito e desinformação. O primeiro ponto é você dizer: Gente não sei nada. – Maria Beltrão (Jornalista e Apresentadora da Globo News).

Este artigo é uma extensão da notícia que foi publicada no dia 09 de março aqui no site História Estúdio (http://historiaestudio.com.br/noticias/historia-agrafa-pre-historia/5), nele vamos desenvolver um pouco mais sobre a descoberta do Homem de Cheddar na Inglaterra. 


EM 1903, cientistas britânicos encontraram, na gruta de Cheddar em Sumerest no Reino Unido, o fóssil de um homem datado de 10 mil anos atrás. Sendo considerado o fóssil humano mais antigo da Grã-Bretanha.


Durante 115 anos os pesquisadores desenvolveram estudos científicos sobre o fóssil, que foi apelidado de homem de Cheddar e acreditava-se que ele tinha a pele clara, cabelos lisos e olhos escuros. Mas os estudos mais recentes, feitos por cientistas do Museu de História Natural de Londres (Natural History Museum) e da Universidade de Londres (University College London), apresentam resultados bem diferentes e de extrema importância para entendermos a evolução humana e a ocupação europeia.


A equipe de cientistas conseguiu extrair o DNA a partir de uma perfuração no osso temporal (ou petroso) que fica no crânio humano. O material genético estava muito bem preservado assim como o crânio fossilizado, possibilitando não somente uma analise do DNA, mas também a reconstrução facial em detalhes deste indivíduo - feita pelos gêmeos holandeses Alfons e Andrie Kennis, artesãos especializados em esculturas e reconstruções dos primeiros humanos.


Ficara cara a cara com a imagem de como esse homem pode ter parecido – a combinação impressionante de cabelo, rosto, cor dos olhos e pele escura – é algo que não poderíamos imaginar alguns anos atrás. Mas é que os dados científicos mostram. – Professor Chris Stringer (líder dos estudos sobre o Homem Cheddar no Museu, há 40 anos)


O resultado final da pesquisa ainda não foi publicado de forma escrita em revistas cientificas, mas foi apresentado em um documentário sobre os primeiros britânicos para o Channel 4 do Reino Unido. Mas a pesquisa ainda será desenvolvida e apresentada em artigos científicos.


Os conhecimentos sobre o Homem de Cheddar durante tantos anos de pesquisa nos revelaram que ele faleceu por volta dos 20 anos e teria uma estatura superior à média dos outros humanos do mesmo período. Ele provavelmente chegou ao Sudoeste da Grã-Bretanha atravessando a pé a região onde hoje existe o canal da mancha, pois a 10 mil anos atrás a ilha era ligada ao norte da França devido ao baixo nível dos mares causado pela glaciação.


Acredita-se também que ele caiu acidentalmente na gruta, pois foi encontrado sozinho em uma gruta isolada do restante das cavernas, diferente das outras cavernas da região de Cheddar onde foi possível encontrar diversos sinais e vestígios de rituais e sacrifícios.


O DNA confirmou a maioria destes dados científicos e trouxe outros fatores que quebraram as ideias sobre o tom da pele, o tipo de cabelo e a cor dos olhos. Hoje sabemos que ele teve a pele escura, cabelos encaracolados e olhos azuis. Foi possível descobrir que ele era intolerante a lactose, assim como a maioria dos seres humanos antes da domesticação de animais e da pecuária do período Neolítico, confirmando que ele viveu no período Mesolítico como caçador e coletor nômade.


Podem haver outros fatores causando menor pigmentação da pele ao longo do tempo nos últimos 10 mil anos. Mas essa é a grande explicação à qual a maioria dos cientistas se fia. – Mark Thomas (geneticista da Universidade de Londres)

Esta descoberta gerou inúmeros debates e trouxe uma nova perspectiva para os diálogos e pesquisas sobre a ocupação europeia, a evolução humana e os cruzamentos genéticos entre os primeiros humanos.

 

Fonte: BBC News Brasil; EL PAIS Brasil; Globo News Estúdio i; Canal do Pirula - Pirula 245; História Estudio;

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