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Sobre o Evento
O Seminário Internacional História do Tempo Presente é uma iniciativa do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina e objetiva aproximar pesquisadores/as de diversos países capazes de contribuir tanto para a compreensão de fenômenos históricos transcorridos ao longo do século XX e início do século XXI como para a reflexão sobre os desafios teóricos e metodológicos de uma História do Tempo Presente.

O evento é promovido a cada três anos, desde 2011 e a 5ª edição ocorrerá entre os dias 25 e 27 de outubro de 2023.

Simpósios Temáticos
ST 1 - Ensino de História e as demandas do Tempo Presente
Profª Dra. Cristiani Bereta da Silva (UDESC), Profª Dra. Nucia Alexandra Silva de Oliveira (UDESC), Profª Dra. Luciana Rossato (UDESC)

Este simpósio temático pretende reunir pesquisas relacionadas ao Ensino de História em suas múltiplas demandas relacionadas a História do Tempo Presente tais como: as relações de ensino e aprendizagem em História; as prescrições curriculares apresentadas pelos documentos oficiais relativos a educação; as disputas por narrativas em documentos curriculares, livros e materiais didáticos; as lutas pela escola como espaço democrático e plural; a formação de professores; entre outros temas. Essas e outras temáticas desenvolvidas através de pesquisas organizadas em diferentes âmbitos científicos serão espaço de reflexão a respeito do Ensino de História como campo de saber e como componente curricular essencial para a formação de estudantes no Brasil.

ST 2 - Relações de gênero, famílias e infâncias sob o enfoque da História do Tempo Presente
Profª Dra.Silvia Maria Fávero Arend (UDESC), Prof. Dr. Humberto da Silva Miranda (UFRPE), Profª Dra. Luciana Rosar Fornazari Klanovicz (UNICENTRO)

Na América Latina, desde a década de 1950, os arranjos familiares, as relações de gênero e as práticas e discursos acerca das infâncias, adolescências e juventudes têm passado por modificações de diferentes ordens. Esses cenários sociais de caráter inovador – consolidados ou em construção – são tributários de processos históricos advindos dos campos econômicos, sociopolítico e/ou cultural. A produção de narrativas sobre esses cenários sociais têm exigido dos/as pesquisadores/as das Ciências Humanas, e em especial da História, a formulação de reflexões teóricas e relativas ao conteúdo historiográfico que visam dar conta de problemas, a saber: as múltiplas temporalidades dos fenômenos sociais investigados; a realização de análises de forma interseccional tendo em vista os marcadores sociais classe social, gênero, geração, etnicidade, etc; reflexões sobre os usos das fontes documentais a partir de um debate mais denso em relação as questões éticas; e acerca das “fronteiras” existentes entre a militância política e a análise de caráter científico na edificação dos textos. O presente simpósio temático, abrigará resultados de pesquisas sobre temas relativos à construção histórica dos arranjos familiares, das relações de gênero e das políticas sociais paras as infâncias, adolescências e juventudes, no âmbito das práticas sociais, representações sociais e discursos.

ST 3 - História Pública e Tempo Presente: interfaces e perspectivas
Prof. Dr. João Júlio Gomes dos Santos Júnior (UDESC), Prof Dr. Ricardo Santhiago (UNIFESP/UDESC), Profa Dra Juniele Rabêlo (UFF)

Nossa intenção é reunir pesquisadores interessados em analisar e discutir temas interligados a história do tempo presente e a história pública, como os usos do passado, o patrimônio cultural, história oral, o papel dos historiadores frente aos debates públicos e suas reverberações sociais, políticas e culturais, inclusive na esfera digital, bem como as possíveis apropriações da história por diferentes públicos e a produção histórica e suas múltiplas linguagens

ST 4 - América Latina e tempo presente: autoritarismo, lutas sociais e políticas de memória
Profª Dra. Mariana Joffily (UDESC), Profª Dra. Catalina María Puerta (Universidad Antioquia, Colômbia)

O objetivo deste simpósio é reunir pesquisadores(as) dedicados(as) aos temas mais candentes da História do Tempo Presente na América Latina, entre os quais, interpretações e dissensos historiográficos acerca dos golpes, projetos revolucionários, ditaduras e modalidades de repressão e violência de Estado, anistias, formas de resistência, transições e construções democráticas na região. Buscamos discutir e compreender os aportes teórico-metodológicos utilizados, as temáticas mais recorrentes ou singulares, com seus sujeitos, escalas de observação, objetos e fontes de pesquisa que permitem apreender a consolidação deste campo de estudos na região, suas especificidades e possibilidades comparativas. Em meio à atmosfera de crise política global, consideramos a necessidade de reflexão sobre os caminhos percorridos no passado recente, sobre as diferentes formas institucionais, sociais e culturais com que os países latino-americanos vêm lidando com as memórias traumáticas, demandas por verdade e justiça, em particular no quadro de comissões da verdade e com as reações neoconservadoras diante da emergência de uma cultura (reparadora) de direitos humanos.

ST 5 - Entrelaçando temporalidades e agências: a História do Tempo Presente e os desafios da escrita de histórias antropocênicas
Prof. Dr. Jó Klanovicz (UDESC/UNICENTRO), Profª Dra. Alice Fernandes Freyesleben (UNESPAR)

O termo Antropoceno tem sido utilizado para descrever a atual conjuntura histórica, na qual forças antrópicas passaram atuar como uma das principais produtoras de mudanças no funcionamento do Sistema Terrestre. O advento de tal noção pressupõe o entrecruzamento de temporalidades humanas e não humanas, o que, por sua vez, impõe uma série de novas questões à tarefa de analisar, interpretar e narrar os eventos históricos. Vale salientar que o reconhecimento científico de que em um certo ponto do passado recente forças antrópicas passaram a impelir mudanças capazes de deteriorar as condições de habitabilidade do planeta no presente e no futuro abre uma série de novos debates sobre responsabilidade e agentividade histórica, bem como sobre as tensões entre passado e presente. Ademais, os "tempos recentes" que habitam o tempo do humano, nesse sentido, permitem oportunidades de diálogo cada vez mais amplas entre os diferentes agoras que habitam esse exercício intelectual e político que tem repercussões historiográficas. Tendo isso em vista, este simpósio pretende reunir contribuições com abordagens e teorias plurais que discutam como a emergência da noção de Antropoceno suscita transformações epistemológicas no conceito de agente histórico, bem como está interessado em diferentes histórias experimentais que articulam a noção para dar conta de temáticas específicas. Trabalhos que reflitam sobre as novas metodologias de pesquisa, novos objetos de estudo e alianças disciplinares serão igualmente bem vindos. Na esteira de autores como Henry Rousso (2016), Ailton Krenak (2019;2022), Bruno Latour (2014;2020), Dispesh Chakrabarty (2021) e Zoltan Simon (2021), Donna Haraway (2022) e Vinciane Despret (2021), o simpósio pretende promover o debate crítico em torno dos sentidos atribuídos a categorias de sujeito/agente que ordenaram a produção de discursos científicos, filosóficos e históricos.

ST 6 - Política, Religião e Religiosidades: Lutas democráticas e Estado Laico
Profª Dra.Caroline Jaques Cubas (UDESC), Profª Dra. Maria Aparecida Corrêa Custódio (UFMA)

O ST busca criar um espaço de discussão acerca das articulações entre Política e Religião através da mirada da História do Tempo Presente. Tais articulações, ainda que possam ser pensadas em uma temporalidade estendida (e em vinculações políticas distintas) tem ganhado visibilidade nos últimos anos em função da ascensão de grupos neoconservadores (majoritariamente católicos e neopentecostais) que angariaram espaços de atuação política e tem influenciado fortemente em definições concernentes às políticas públicas para a saúde e educação (não apenas no Brasil). Desse modo, o ST acolherá trabalhos que tratem das diversas articulações entre política e religiões (catolicismos, protestantismos, pentecostalismos, neopentecostalismos, judaísmo e religiões de matriz africana e outros).

ST 7 - Tempo presente, patrimônio cultural e visualidade
Profª Dra. Janice Gonçalves (UDESC), Prof. Dr. Eduardo Augusto Costa (USP)
Parte expressiva dos estudos reunidos sob a rubrica “História do Tempo Presente” têm sido atravessados por preocupações com os processos sociais de produção de memórias e suas interações frequentemente tensas com o conhecimento histórico. A consagração de bens e práticas culturais por meio de processos de patrimonialização é componente relevante desses processos. Mas como se dá a eleição e a aceitação social de determinados bens como patrimonializáveis? E, nisso, qual o papel da visibilização dos bens patrimonializáveis, com recurso à fotografia e a produções audiovisuais? O ST “Tempo presente, patrimônio cultural e visualidade” pretende instigar pesquisadores da área de História e de outras áreas do conhecimento a refletir sobre tais questões e conectá-las às suas investigações, compartilhando-as no âmbito do evento e assim contribuindo para a renovação de estudos a esse respeito.

ST 8 - As temporalidades do presente: novas perspectivas, categorias e abordagens
Prof. Dr. Walderez Ramalho (UDESC), Prof. Dr. Rogério Rosa Rodrigues (UDESC), Prof. Dr. Guilherme Bianchi Moreira (MECILA)

Este Simpósio Temático tem o objetivo de reunir trabalhos dedicados a pensar como a História do Tempo Presente pode se valer das reflexões teóricas sobre a temporalidade e suas implicações para a pesquisa e escrita da história. Com efeito, o problema das temporalidades tem ocupado atualmente grande parte da agenda do debate teórico sobre a história, mas também em outras disciplinas como a antropologia, a sociologia, a filosofia e a ciência política. Esse debate tem proporcionado o desenvolvimento de novas perspectivas e categorias analíticas que podem ter importantes interfaces e aplicações para a pesquisa em História do Tempo Presente. Isso inclui, dentre outras questões, os potenciais e os limites da ideia cronológica de tempo; as concepções e experiências do tempo afroindígenas; as políticas do tempo; os conceitos de contemporaneidade, coetaneidade e presente histórico; a tensão entre o instante e a duração; as relações entre temporalidade e verdade; as heterocronias e a multiplicidade dos tempos históricos. Nesse sentido, o Simpósio Temático contemplará as contribuições que visam ampliar as possibilidades de compreender o “tempo presente” como um âmbito da pesquisa histórica.

ST 9 - Ditaduras e democracias no Tempo Presente: Brasil e na América Latina
Prof. Dr. Reinaldo Lindolfo Lohn (UDESC ), Prof. Dr. Mateus Gamba Torres (UNB)

Os trabalhos reunidos neste simpósio temático compreenderão a renovação da história política, com foco tanto no Brasil como na América Latina, bem como estudos voltados para as relações políticas como parte de abordagens possíveis para a escrita da História do tempo presente. Também busca estimular discussões que envolvam perspectivas transnacionais, o que compreende relações políticas no âmbito do chamado Sul Global. Neste sentido, as apresentações poderão versar sobre movimentos sociais, políticos e culturais sob governos democráticos ou autoritários, novas e velhas direitas, esquerdas e lutas emancipatórias, possibilitando diálogos e aportes em torno de temáticas como mídia e política, mobilizações, eleições e democratizações, políticas institucionais, Estado e desenvolvimento em contextos neoliberais, mecanismos de poder político e controles sociais, entre outros.

ST 10 - Antiguidade, Medievo e Tempo Presente: Usos do Passado
Prof. Dr. Filipe Noé da Silva (UDESC), Profa. Dra. Renata Senna Garraffoni (UFPR), Prof. Dr. Pedro Paulo Abreu Funari (Unicamp)

Incumbidas da tarefa de narrar a o “Passado do Ocidente”, mas também as identidades étnicas dos povos que compõem os Estados nacionais modernos, a História Antiga e a História Medieval, desde sua fundação, têm sido utilizadas para legitimar discursos de todas as sortes. Por um lado, tem-se reconhecido a utilização da Antiguidade e do Medievo, ao longo dos séculos XIX, XX e XXI, em projetos sociais reacionários, excludentes e totalitários. Por outro lado, também é notória, no tempo presente, a recepção e uso de referenciais antigos e medievais atrelados a propostas sociais que defendem a convivência, a democracia e os Direitos Humanos. Em meio à constante reelaboração dessas temporalidades, a História, a Arqueologia, a Literatura, o Cinema, as Artes, a Arquitetura, os Museus, o Patrimônio, entre outros referenciais, cada qual a seu modo, elaboram a Antiguidade e a Idade Média de acordo com suas experiências e expectativas sociais e políticas. Discutir as características de tais elaborações, dos usos modernos e contemporâneos do passado Antigo e Medieval, é o propósito deste Simpósio Temático.

ST 11 - Histórias indígenas, africanas e afro-diaspóricas no tempo presente
Profª Dra.Claudia Mortari (UDESC), Profª Dra. Luisa Wittmann (UDESC), Profª Dra. Fernanda Oliveira (UFRGS)

A luta é constante na história de milhões de pessoas africanas, afrodiaspóricas e indígenas pelo mundo, alvos das violências dos colonialismos históricos e das colonialidades vigentes do poder, do ser, do saber, do gênero e da natureza (QUIJANO, MALDONADO-TORRES, GROSFOGUEL, LUGONES, SEGATO). Tal cenário nos chama à responsabilidade de questionar o epistemicídio (CARNEIRO, 2005), que elimina as possibilidades de (re)conhecer conhecimentos e experiências de grupos e de pessoas racializadas para além de uma hipótese instrumental (FANON, 2008) ou objetos de estudo. Consideramos então ser necessário realizar uma escrita da história na interlocução com concepções e vivências que se assentam na ausência de ruptura entre passado e presente, de separação entre razão e sentir e de hierarquização entre humano e natureza, concepções-base da modernidade colonial. A filosofia de Ailton Krenak, por exemplo, alarga o conceito de tempo e nos inspira ao mobilizar intersecções temporais da vivência humana (e não-humana): “Os rios, esses seres que sempre habitaram os mundos em diferentes formas, são quem me sugerem que, se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral, porque já estava aqui” (KRENAK, 2022, p. 11). Neste sentido, propomos nesse simpósio temático, com base em concepções teórico-práticas advindas de pensamentos pós-coloniais, decoloniais, afro-diaspóricos e indígenas, tomando a história do tempo presente como transversal, compartilhar e construir conhecimentos que eclodem desde lócus de enunciação plurais engajados na prática da transformação social. Afinal, a busca pela equidade se dá através do combate de opressões resultantes de um passado-presente colonial e da valorização do conhecimento ancestral desses povos, onde reside a força e a luta pela vida (FANON, 2005). Nesse sentido, destacamos a ênfase em acolhermos trabalhos que abordam diversos temas tendo os seguintes eixos: produção de conhecimento sobre, com e a partir do diálogo com pensamentos indígenas, africanos e da diáspora; produção e circulação de memórias contemporâneas; interseccionalidade e interculturalidade; direito de e por que narrar, como e sobre o que narrar; epistemologias plurais.

ST 12 - Migrações e Tempo Presente
Prof. Dr. Emerson César de Campos (UDESC), Profª Dra. Michele Gonçalves Cardoso (UNESC)

O presente simpósio tem como objetivo reunir pesquisas que busquem problematizar o fenômeno migratório em suas diversas dimensões e temporalidades. Pretende-se discutir, a partir de um diálogo interdisciplinar, tanto estudos diaspóricos e migrações tradicionais, quanto as migrações contemporâneas, buscando perceber a intensificação do fenômeno Sul-Sul, configurado pelo movimento cada vez maior de pessoas em direção aos países da América Latina e Caribe, bem como, de movimentos oriundos da África e de países como Síria e Líbano. Pretende-se perceber as implicações interseccionais destes movimentos, evidenciando ainda, o estabelecimento de redes e a configuração de novas identidades e vínculos transnacionais