O Gaokao é o exame nacional chinês que define o futuro acadêmico dos estudantes, sendo considerado um dos vestibulares mais rigorosos do mundo. Com duração de 2 a 4 dias, ele determina o acesso às melhores universidades e está passando por reformas para reduzir a pressão nos alunos, mantendo seu caráter decisivo para o ensino superior na China.
O gaokao não é só um exame, é um marco na vida de milhões de jovens chineses. Com tecnologia de ponta e regras rígidas, ele define quem entra nas melhores universidades do país. Será que você conseguiria passar por essa maratona?
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ToggleO que é o gaokao e por que ele é tão importante?
O gaokao é o exame nacional de admissão ao ensino superior na China, considerado um dos vestibulares mais difíceis do mundo. Realizado uma vez por ano, ele dura até três dias e define o futuro acadêmico de milhões de estudantes.
Mais do que uma prova, o gaokao é um rito de passagem. Sua importância vai além das universidades: ele influencia empregos, status social e até casamentos. Famílias inteiras se preparam anos antes, com alunos estudando até 12 horas por dia.
O sistema é tão rigoroso que algumas provas acontecem em hospitais para candidatos doentes, com supervisão total. Quem cola ou usa IA pode ser banido por três anos – e até enfrentar processos criminais.
Datas e duração do exame em 2025
Em 2025, o gaokao acontecerá nos dias 7, 8 e 9 de junho, como é tradicional na China. A prova começa às 9h e termina às 17h, com pequenos intervalos para almoço.
Cada dia tem disciplinas diferentes: no primeiro, os alunos enfrentam chinês e matemática. No segundo, é a vez de inglês e ciências. O terceiro dia varia conforme a região.
A duração total chega a 9 horas de provas. Algumas cidades ainda têm exames extras para cursos específicos, que podem estender o calendário.
Estrutura da prova: disciplinas e formato
O gaokao testa quatro áreas principais: chinês, matemática, inglês e uma disciplina de ciências ou humanas escolhida pelo aluno. Cada prova tem entre 120 a 150 questões, incluindo redações e testes objetivos.
As questões de matemática são as mais temidas, com problemas complexos que exigem lógica apurada. Já a prova de chinês inclui análise de textos clássicos e uma redação de 800 caracteres.
O formato mistura perguntas de múltipla escolha, dissertativas e problemas práticos. Algumas regiões ainda têm provas orais para cursos específicos, como medicina ou direito.
Como funciona a avaliação e pontuação
A nota do gaokao varia de 0 a 750 pontos, sendo que cada matéria vale até 150 pontos. A redação sozinha representa 20% da prova de chinês, com corretores avaliando estilo e conteúdo.
O sistema de correção é rigoroso: duas pessoas diferentes avaliam cada prova. Se as notas divergirem muito, um terceiro corretor é chamado. As questões objetivas são corrigidas por scanners que detectam até marcas leves no papel.
Para entrar nas melhores universidades, como Peking ou Tsinghua, os alunos precisam de pelo menos 680 pontos. Já faculdades locais aceitam a partir de 400 pontos, dependendo da região.
Perfil dos participantes: quem pode fazer o gaokao?
O gaokao é aberto para estudantes chineses que completaram o ensino médio, geralmente com 18 ou 19 anos. Candidatos mais velhos também podem participar, mas precisam comprovar escolaridade equivalente.
Estudantes estrangeiros podem fazer a prova se tiverem residência permanente na China. Pessoas com deficiência têm direito a adaptações, como tempo extra ou provas em braille.
Um dado curioso: cerca de 10 milhões de alunos se inscrevem todo ano. Desses, quase 25% são filhos únicos, já que a política antiga da China limitava as famílias a uma criança.
Tecnologia vs. fraudes: o esquema de vigilância
O gaokao usa tecnologia de ponta para evitar fraudes. Todas as salas têm câmeras HD que filmam em 360 graus, além de detectores de metal na entrada. Sinais de celular são bloqueados por jammers durante a prova.
Desde 2020, os fiscais usam reconhecimento facial para confirmar a identidade dos alunos. Drones patrulham o exterior das escolas para pegar possíveis colas. Até as canetas são especiais, com tinta que só aparece sob luz ultravioleta.
Quem é pego colando pode ser banido por 3 anos do exame. Em casos graves, há até prisão, pois fraude no gaokao é crime na China.
Bloqueio de ferramentas de IA durante o exame
Durante o gaokao, o uso de qualquer ferramenta de IA é estritamente proibido. Os fiscais usam scanners especiais que detectam dispositivos eletrônicos, incluindo smartwatches e fones de ouvido inteligentes.
Todos os computadores da escola têm firewalls reforçados que bloqueiam acesso a chatbots e ferramentas como ChatGPT. Até calculadoras programáveis são confiscadas, pois podem armazenar informações.
Alunos pegos usando IA são desclassificados imediatamente. As punições incluem proibição de fazer o exame por até 3 anos e registro no histórico escolar.
Impacto do gaokao no futuro acadêmico dos estudantes
O resultado do gaokao define totalmente o futuro acadêmico na China. Com notas altas, alunos entram nas melhores universidades, como Peking e Tsinghua, que abrem portas para ótimas carreiras.
Quem tira notas médias vai para faculdades locais ou técnicas. Já os com baixo desempenho muitas vezes desistem do ensino superior. A pressão é enorme, pois o exame decide quase sozinho o destino profissional.
Muitos estudantes passam anos se preparando só para essa prova. Alguns até repetem o último ano se não conseguirem a nota desejada na primeira tentativa.
Comparação com outros vestibulares ao redor do mundo
O gaokao é considerado um dos vestibulares mais difíceis do mundo. Diferente do ENEM no Brasil, que acontece em dois dias, o gaokao chinês dura 2 a 4 dias com provas mais extensas.
Comparado ao SAT americano, que pode ser feito várias vezes, o gaokao só permite uma tentativa por ano. Já o vestibular japonês tem questões parecidas, mas com menos peso no futuro do aluno.
Na Coreia do Sul, o Suneung é tão intenso quanto o gaokao. Ambos países param no dia da prova: voos são desviados e empresas abrem mais tarde.
Depoimentos de estudantes que já passaram pela prova
“Foi o ano mais difícil da minha vida”, conta Li Wei, que estudou 12 horas por dia. “Valeu a pena quando vi minha nota”, completa ele, agora na Universidade de Pequim.
Zhang Mei lembra do nervosismo: “Minhas mãos tremiam tanto que quase não consegui escrever”. Ela recomenda simulados para se acostumar com a pressão.
Já Wang Lin, que fez a prova duas vezes, diz: “A segunda tentativa foi mais tranquila”. Ele aconselha não desistir após um resultado ruim.
Muitos alunos destacam o apoio da família como fundamental para aguentar a maratona de estudos.
O que esperar do gaokao nos próximos anos
Especialistas preveem mudanças no gaokao nos próximos anos. O governo chinês já anunciou que quer reduzir a pressão sobre os estudantes, mantendo o rigor da prova.
Uma possibilidade é incluir mais questões que testam habilidades práticas, não só memorização. Também há discussões sobre permitir duas tentativas por ano, como no SAT americano.
Tecnologia deve ganhar mais espaço, com inteligência artificial ajudando a corrigir redações. Mas o sistema de vigilância anti-cola continuará extremamente rigoroso.
Muitas províncias já estão testando novos formatos antes de aplicar mudanças em todo o país.
O que esperar do futuro do gaokao
O gaokao continua sendo a porta de entrada mais importante para o ensino superior na China, mas está passando por transformações.
As mudanças em discussão prometem tornar o exame mais justo e menos estressante, sem perder seu rigor e credibilidade.
Independentemente das reformas, uma coisa é certa: a preparação cuidadosa e o apoio familiar continuarão sendo essenciais para o sucesso nesta prova decisiva.
Para os estudantes chineses, o gaokao seguirá sendo um marco crucial em suas trajetórias acadêmicas e profissionais.
Fonte: G1 Globo