O kohl na Idade do Ferro era um cosmético multifuncional, combinando beleza, proteção ocular e status social. Sua composição variava regionalmente: os egípcios usavam galena, os mesopotâmios antimônio, enquanto o único kohl iraniano de Kani Koter continha grafite e manganês, revelando avançado conhecimento químico e adaptação aos recursos locais.
Você já imaginou como era a maquiagem há 2.700 anos? Uma descoberta no Irã revelou o uso pioneiro de grafite em kohl, mostrando que a busca pela beleza é tão antiga quanto a humanidade!
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ToggleA descoberta do kohl no Irã
Arqueólogos encontraram um pequeno frasco de kohl durante escavações no sítio de Kani Koter, no noroeste do Irã. O objeto tem cerca de 2.700 anos e estava bem preservado, permitindo análises detalhadas.
Dentro do recipiente, os pesquisadores identificaram um pó preto usado como maquiagem. Essa descoberta é especial porque mostra como as pessoas na Idade do Ferro já se preocupavam com a aparência.
O kohl era comum no antigo Egito e no Oriente Médio, mas essa versão iraniana tem uma composição única. Ao contrário de outros kohls da época, este continha grafite, um material nunca antes identificado em cosméticos antigos.
Os especialistas acreditam que o frasco pertencia a alguém importante, talvez da elite local. A qualidade do material sugere que não era um produto qualquer, mas algo valioso.
A composição única: grafite e manganês
O kohl iraniano encontrado chamou atenção por sua fórmula incomum. Enquanto a maioria dos cosméticos antigos usava galena (um minério de chumbo), este continha grafite como ingrediente principal.
Além do grafite, os pesquisadores identificaram manganês na composição. Essa combinação nunca havia sido registrada em outros kohls da mesma época, tornando a descoberta única.
O grafite provavelmente vinha de minas locais e dava uma cor preta intensa à maquiagem. Já o manganês pode ter sido adicionado por suas propriedades medicinais, já que acreditava-se proteger os olhos.
Essa mistura especial mostra o conhecimento químico avançado da região. Diferente do kohl egípcio, que usava chumbo, a versão iraniana parece ter sido menos tóxica.
O contexto arqueológico do sítio de Kani Koter
O sítio arqueológico de Kani Koter, onde o kohl foi encontrado, fica na província iraniana do Curdistão. Essa região era um importante centro cultural na Idade do Ferro, por volta de 700 a.C.
As escavações revelaram uma área residencial de elite, com estruturas bem preservadas. O frasco de kohl estava em um cômodo que provavelmente servia como quarto ou área de cuidados pessoais.
Artefatos encontrados no local sugerem que os moradores tinham alto status social. Além do kohl, foram achados joias de bronze, cerâmicas finas e ferramentas trabalhadas.
O sítio fica perto de rotas comerciais antigas, o que explica a presença de materiais raros como o grafite. Essa localização estratégica ajudava no acesso a diferentes matérias-primas.
A importância cultural da maquiagem na Idade do Ferro
Na Idade do Ferro, a maquiagem ia muito além da estética. O kohl tinha significados religiosos, medicinais e sociais que refletiam a cultura da época.
Muitos acreditavam que a maquiagem protegia contra o ‘mau-olhado’ e doenças oculares. Aplicar kohl nos olhos era quase um ritual de proteção espiritual no dia a dia.
O uso também indicava status social – quanto mais refinada a maquiagem, maior o prestígio. Nobres e sacerdotes usavam kohl de qualidade superior, como o encontrado em Kani Koter.
Além disso, a maquiagem unia beleza e saúde. Algumas fórmulas tinham propriedades antibacterianas que realmente protegiam os olhos no clima árido do Oriente Médio.
Diferenças regionais nas receitas de kohl
As receitas de kohl variavam bastante entre as diferentes regiões do mundo antigo. Cada cultura desenvolvia sua própria fórmula usando os materiais disponíveis localmente.
No Egito Antigo, o kohl era feito principalmente de galena (sulfeto de chumbo). Já na Mesopotâmia, usavam mais antimônio, que dava um tom cinza-prateado.
O kohl iraniano de Kani Koter se destaca por usar grafite, algo único na época. Essa diferença mostra como cada povo adaptava os cosméticos aos recursos naturais da região.
Algumas receitas incluíam ingredientes medicinais, como cinzas de plantas. Outras adicionavam óleos aromáticos para criar perfumes enquanto maquiavam.
O legado do kohl no mundo antigo
A descoberta do kohl em Kani Koter revela como os cosméticos eram mais que vaidade na Idade do Ferro. Eles mostravam status, protegiam a saúde e expressavam identidades culturais.
Cada região desenvolveu sua própria versão, usando os materiais disponíveis localmente. Do grafite iraniano à galena egípcia, essas diferenças contam histórias sobre comércio, tecnologia e tradições.
Esses pequenos frascos de maquiagem são janelas para entender a vida cotidiana no passado. Eles provam que a busca pela beleza e pelo cuidado pessoal sempre fez parte da humanidade.
O estudo do kohl antigo continua, prometendo novas descobertas sobre nossos ancestrais e suas práticas culturais.
Fonte: ArchaeologyMag.com