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O calendário islâmico é baseado nas fases da lua, por isso também é conhecido como calendário lunar, os meses variam de 29 a 30 dias, com um ano completando 355 dias. Mas o mês mais importante para o Islã é o nono mês deste calendário, chamado de Ramadan.
Como na maior parte do planeta nós temos o costume de usar o calendário gregoriano (com 10 dias a mais no calendário anual), vai ocorrer uma variação anual na data de comemoração do mês Sagrado do Islã, recuando de 10 a 11 dias a cada ano.
Sendo assim em 2020 o Ramadan aconteceu entre 24 de abril e 23 de maio, porém em 2021 ocorreu entre 13 de abril e 12 de maio. Vale lembrar que o calendário islâmico se inicia a partir do momento da Hégira, quando Maomé faz a passagem de Meca para Medina, em 622 (no calendário gregoriano), ou seja, para os islâmicos o ano atual é 1442.
Quando falamos sobre Ramadan para o senso comum estamos apenas falando sobre o jejum de 30 dias, a princípio parece chocante e radical, até mesmo porque o Islamismo erroneamente é associado ao fundamentalismo e ao terrorismo executado por uma porcentagem microscópica dos praticantes da fé islâmica.
É possível compreender que Ramadan de fato é o nome apenas do nono mês do calendário lunar, porém este é o momento mais importante para os muçulmanos, pois representa o momento da Revelação no Alcorão para o Profeta Maomé, com isto esse período de 30 dias é sagrado e deve seguir o rigoroso protocolo de reflexão, através do jejum e de orações. O início desse mês determinado pela aparição da lua no final do mês Shaban, que seria o oitavo mês do calendário lunar.
O Islamismo foi construído com base em cinco pilares e um deles é o jejum, que passa a ser obrigatório para todos os islâmicos a partir da puberdade, enquanto houver a luz do sol presente no céu, os seguidores do Islã devem manter um jejum completo para sentir as dificuldades daqueles que de fato são miseráveis e passam fome e sede ao longo da vida, e também para que possam refletir sobre suas ações no dia a dia e para que façam uma reciclagem emocional e espiritual.
Vale lembrar que durante o dia não é permitido comer, beber e nem praticar ato sexual, na prática nada deve ser inserido ou ingerido no corpo durante a luz do sol.
Claro que existem exceções de dispensabilidade para este tipo de prática de jejum, já previsto dentro do livro sagrado seguido pelos religiosos: os viajantes, os idosos, as lactantes, as grávidas, aqueles que possuem algum tipo de enfermidade e as mulheres que estão no período de menstruação.
Os fiéis que estiverem impossibilitados de cumprir o jejum e as orações durante o nono mês do calendário lunar devem cumprir as suas obrigações religiosas assim que for possível, antes de completar o décimo segundo mês.
Durante esse período, como já mencionado, não pode ser ingerido absolutamente nada, evitam-se remédios, tratamentos dentários, cirurgias e festas, incluindo casamentos (pois esses dois últimos contêm geralmente danças, músicas e outras práticas que possam estimular o corpo).
Ao longo dos dias devem ser cumpridas as cinco orações tradicionais do islamismo, porém a última oração é mais longa para agradecer o dia que passou e a comida que virá assim que o sol se põe. Obviamente a primeira oração do dia é logo depois da primeira refeição, assim que a luz do sol aparece no céu. Esta oração noturna tem o nome de Taraweeh.
Aqueles que passam pelo jejum devem evitar qualquer tipo de conflito, sendo totalmente proibido o uso de obscenidade e deve ser obrigatoriamente generoso e aumentar a leitura do Corão. Esta prática religiosa assim como jejum é feita por todas as classes sociais.
Nos casos dos impossibilitados, foi desenvolvido uma prática de doações e caridades que estes podem realizar durante o Ramadan, como algumas crianças e idosos que distribuem alimentos para os pobres e miseráveis nas mesquitas ou até mesmo aqueles que distribuem alimentos nas estradas para os viajantes que não possuem tempo suficiente para se alimentar no período noturno. Acreditando que com boas ações eles contribuem para todo sentido e toda a espiritualidade envolvendo esse momento de reflexão e agradecimento do povo islâmico com as escrituras sagradas do Corão.
Durante o período pré eletricidade, alguns idosos ou sacerdotes espalhavam lamparinas pelas principais ruas das cidades para que a população conseguisse chegar até as mesquitas para realizarem a Taraweeh, porém com o avanço da tecnologia hoje vemos cidades muito iluminadas e enfeitadas com lamparinas elétricas, pisca-piscas e Luas de Led.
As lamparinas tornaram-se um dos símbolos do Ramadan e são vendidas em vários formatos para que as pessoas possam presentear os familiares e amigos. Esta tradição representa o caminho iluminado dos fieis até os templos.
Duas refeições diárias que são permitidas, assim como já foi dito anteriormente elas acontecem no período noturno. A primeira é a Su-Hoor, refeição que substitui o café da manhã e segundo o Corão ela seria a benção enviada por Alá (Deus), sendo assim ela deverá ser seguida de uma oração e composta por sucos, água e frutas, o principal alimento servido são as tâmaras graças ao seu potencial energético elas são fundamentais para os fiéis terem disposição ao longo do dia.
Ao princípio da noite obrigatoriamente é quebrado o jejum com um copo d'água e uma tâmara e este momento recebe o nome de Iftar.
Iftar é a refeição mais importante e através dela os muçulmanos reúnem vários membros de suas famílias e geralmente costumam transitar entre as casas de amigos e parentes ao longo dos 30 dias do Ramadan, comendo alimentos energéticos, bebendo suco e claramente agradecendo e orando todos juntos.
Mas devido a pandemia da covid-19, alguns desses hábitos sofreram modificações, como por exemplo as mesquitas não puderam abrir suas portas e por isso houve pouca distribuição de alimentos nas portas, criando outra dinâmica para a distribuição de alimentos no horário permitido para alimentação dos mais pobres e famintos. Também as reuniões familiares e as ceias (que se assemelha muito ao conceito da ceia de natal para o cristianismo) estão acontecendo em grupos menores e até mesmo através de vídeo chamadas ou por ligação telefônica.
Muitas pessoas acabam participando desses momentos mesmo não sendo da religião islâmica, apenas por acreditarem que todos os rituais de boas ações e do jejum conseguem nos fazer enxergar formas de nos tornarmos melhores para a sociedade e para nossa espiritualidade.
Os dez últimos dias deste mês sagrado são os mais importantes pois acredita-se que as revelações finais do Corão aconteceram ao longo desses 10 dias e que é preciso um empenho maior para as orações neste momento e uma oração durante esses dias é o equivalente a 1000 dias de oração.
Entre o vigésimo sexto e o vigésimo sétimo dia acontece a Noite do Decreto (Laylat al Kadr) onde as orações são dedicadas a pedidos diretamente para Deus, acredita-se que essa seja a noite mais importante do Islã.
Quando a Lua Nova surge no céu no final do trigésimo dia, começam as comemorações da chegada do mês de Shawwal (decimo mês lunar), quando banquetes são servidos, alimentos são doados aos pobres, presentes são trocados (muitas vezes em formato de lamparinas), roupas novas são vestidas para que haja uma grande festa de três dias com muita comida durante o Eid al Fitr quando ocorre O Grande Banquete.
Ramadan Kareen a todos.
CONJUNTO DE QUESTÕES:
1. Leia o trecho a seguir. (adaptada)
“A abertura da Copa do Mundo marcou o encerramento de um ciclo sagrado para grande parte da população mundial. Afinal, o dia 14 de junho foi o último do Ramadã, nesse ano. E o acontecimento, nessa edição do torneio, ganha relevância ainda maior já que sete seleções são de países com mais de 90% da população muçulmana: Nigéria, Marrocos, Tunísia, Senegal, Egito, Arábia Saudita e Irã, sem contar a presença de outros jogadores europeus importantes também adeptos da religião, o que fez surgir o batismo de “Copa mais muçulmana da história”. Assim, volta à tona o debate acerca da influência do jejum – durante o mês de Ramadã, os muçulmanos só se alimentam ou bebem água após o pôr do sol – sobre o desempenho dos atletas. Entre famosos jogadores muçulmanos que vão disputar a copa estão Salah, Khedira, Ozil, Pogba, Mané, Fellaini e Shaquiri.”. Disponível em: <https://oglobo.oglobo.com/esportes/na-copa-mais-muculmana-da-historia-ramada-desafio-para-selecoes-22750697#ixzz5KsDHjyk7>. Acesso em: 20 out. 2018.
O jejum feito ao longo do mês do Ramadã se chama Saum e pertence aos Cinco Pilares do Islamismo.
Sobre o significado do Saum para a religião Islâmica, assinale a alternativa correta.
a) É uma profissão da fé muçulmana que resume o credo do povo islâmico.
b) O ato lembra ao ser humano seu dever de se submeter a Alá e buscar a boa convivência.
c) É um ato de ascese que visa à purificação interior e à meditação pelos mais pobres a fim de que se seja solidário com eles.
d) É um ato ligado à busca por vencer o egoísmo e oferecer o verdadeiro culto muçulmano diante de Alá.
2. Ramadã é o nome do nono mês do calendário islâmico. Os muçulmanos passam os dias do mês do Ramadã em jejum e acreditam que a experiência funciona para exercer a paciência, praticar a proximidade com Deus e generosidade com os outros. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/mundo/saiba-como- funciona-o-mes-sagrado-do-isla-o-ramada/> . Acesso em: 15 jul. 2019.
O Ramadã, portanto, é uma festa muçulmana que celebra:
a) a revelação do livro sagrado Alcorão, pelo anjo Gabriel, ao profeta Maomé.
b)a memória da morte do profeta Maomé em Meca e a sua ascensão ao céu.
c) a tomada de Jerusalém pelo profeta Maomé, que a tornou sagrada para o islamismo.
d) a adoção do profeta Maomé em Bahira pelo eremita cristão que vivia no deserto sírio.
3.(FGV-SP) A hégira, um dos eventos mais importantes do islamismo e que marca o início do calendário islâmico, corresponde:
a) à entrada triunfal de Maomé em Meca em 630.
b) ao casamento de Maomé com uma rica viúva, dona de camelos.
c) à fuga de Maomé e seus seguidores de Meca para Medina.
d) à revelação de Maomé que lhe foi transmitida pelo arcanjo Gabriel.
e) ao grande incêndio da Caaba em Meca em 615.
GABARITO: 1.c; 2.a; 3.c;
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