Arqueólogos descobriram na Inglaterra um poço ritual romano com 5.436 ossos de cães, revelando práticas de sacrifício animal entre os séculos I e IV d.C. Os estudos mostram que os cães eram cuidadosamente selecionados e sacrificados em rituais religiosos, possivelmente associados ao deus Mercúrio, evidenciando o importante papel espiritual dos animais na Roma Antiga.
Uma descoberta arqueológica surpreendente em Ewell, na Inglaterra, revelou um ritual romano envolvendo o sacrifício de mais de 5.000 cães. O estudo, liderado pela Dra. Ellen Green, traz novas luzes sobre as práticas religiosas da época.
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ToggleA descoberta do poço ritualístico em Ewell
Em 2021, arqueólogos descobriram um poço ritualístico romano em Ewell, Inglaterra, contendo ossos de pelo menos 5.436 cães. O local, datado entre os séculos I e IV d.C., revelou práticas religiosas até então pouco compreendidas.
Detalhes da escavação
Os pesquisadores encontraram os restos caninos cuidadosamente depositados em camadas, junto com objetos como moedas e cerâmicas. A maioria dos cães era de porte médio, sem sinais de doença ou ferimentos, indicando sacrifício ritualístico.
Significado arqueológico
Esta descoberta é uma das maiores concentrações de restos de cães já encontradas na Grã-Bretanha romana. Os animais parecem ter sido sacrificados em diferentes épocas, sugerindo um local de culto ativo por gerações.
Estudos mostraram que os cães tinham entre 6 meses e 3 anos de idade quando morreram. A análise dos dentes revelou que muitos eram bem cuidados, possivelmente animais de estimação antes do sacrifício.

O significado espiritual dos cães na Roma Antiga
Na Roma Antiga, os cães tinham um significado espiritual profundo, servindo como guardiões entre os mundos dos vivos e dos mortos. Eram associados ao deus romano Mercúrio, o mensageiro divino que conduzia as almas ao submundo.
Protetores do lar e do além
Muitas famílias romanas mantinham cães não só como animais de estimação, mas como protetores espirituais. Acreditava-se que eles afastavam maus espíritos e protegiam os lares durante a noite.
Rituais de purificação
Os sacrifícios de cães eram comuns em cerimônias de purificação. Os romanos acreditavam que o sangue desses animais tinha poder de limpeza espiritual, especialmente em rituais para afastar pragas ou más energias.
Alguns templos romanos mantinham cães sagrados que viviam no local. Esses animais eram considerados intermediários diretos entre os fiéis e as divindades, especialmente nos cultos a deuses da cura.
A mudança de uso do poço ao longo do tempo
O poço ritualístico em Ewell teve diferentes usos ao longo de 300 anos. Inicialmente, servia para sacrifícios de animais, mas seu propósito foi mudando conforme as transformações na sociedade romano-britânica.
Primeira fase: Sacrifícios rituais
Nos primeiros séculos, o poço era usado principalmente para cerimônias religiosas. Os cães eram sacrificados em homenagem aos deuses, possivelmente como parte de rituais de fertilidade ou proteção.
Segunda fase: Depósito de oferendas
Com o tempo, o local passou a receber outros tipos de oferendas. Arqueólogos encontraram moedas, joias e objetos pessoais, sugerindo que o poço ganhou nova função como local de pedidos e agradecimentos.
Última fase: Abandono e esquecimento
No século IV, o poço foi gradualmente abandonado. O surgimento do cristianismo na região pode explicar essa mudança, já que as práticas pagãs foram sendo substituídas por novos rituais religiosos.
Conclusão
A descoberta do poço ritualístico em Ewell revela práticas religiosas fascinantes da Roma Antiga. Os sacrifícios de cães mostram como os animais tinham um papel importante na espiritualidade romana. Com o tempo, o local mudou de função, refletindo as transformações na sociedade.
Essa pesquisa ajuda a entender melhor os costumes religiosos da época. Cada camada do poço conta uma parte diferente da história. Os achados arqueológicos continuam surpreendendo e ensinando sobre o passado.
Estudos como esse mostram que ainda há muito para descobrir sobre a vida na Roma Antiga. Cada nova descoberta ajuda a montar o quebra-cabeça da nossa história.
Fonte: ArchaeologyMag