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Home > Artigos > História da América > As relações do filme "O Irlandês" com a história americana
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História da América
Por: Jason Jr.
Para quem acompanha o História Estúdio nas redes sociais (Instagram e Facebook) já sabe que recentemente publicamos um vídeo sobre o filme “O Irlandês” da Netflix lá no nosso canal no youtube (HistóriaTube).
Para gravar tal vídeo foi necessário fazer uma pesquisa sobre a produção do filme e os fatos históricos retratados no drama biográfico dirigido por Martin Scorsese.
Este artigo é uma mistura entre a resenha do filme, feita em vídeo, e a pesquisa historiográfica sobre Frank Sheeran e Jimmy Hoffa, incluindo toda a longa trama por trás das investigações do “desaparecimento” do sindicalista americano.
O filme mais caro já dirigido por Martin Scorsese, com orçamento final de 175 milhões de dólares, também é o mais longo de sua carreira, chegando a 3:30 de exibição, uma das obras mais bem cuidadas pelo diretor. Este projeto, de acordo com o próprio diretor, começou a ser estruturado em 2004 e só foi anunciado em parceria com a Netflix em 2014.
Conversando sobre o Irlandes - Netflix
Como falamos em nosso vídeo, foi muito difícil convencer o ator Joe Pesci (77 anos) a largar a aposentadoria e se unir ao antigo companheiro de filmes “Scorsianos” Robert De Niro – os dois atuaram juntos em Casino e Bons Companheiros, ambos dirigidos por Martin Scorsese e com a temática ligada a máfia americana. Até mesmo De Niro tinha um pé atrás com o diretor e estavam afastados desde o lançamento de Casino em 1995.
Além das dificuldades com recursos humanos, a produção precisou desenvolver uma nova tecnologia de captura facial que não fosse invasiva para não comprometer a interpretação e a mobilidade dos atores. Boa parte do cronograma e do orçamento para o longa foram investidos neste processo de captura e “rejuvenescimento” do trio principal da trama. - A Netflix publicou um vídeo de 23 minutos em sua plataforma, intitulado "Conversando sobre o irlandês", apresentando alguns detalhes da produção e da relação do diretor com o elenco.
Equipamento de filmagem para maquiagem CGI
A história passa em 3 fases principais, mas temos alguns flashbacks do Frank Sheeran durante a Segunda Guerra. As outras fases são do desenvolvimento histórico do personagem do De Niro, desde a juventude até a velhice abandonada em uma casa de repouso.
Para completar o elenco nós temos outro parceiro de atuação de De Niro, mas que nunca havia feito um filme do Scorsese (inexplicavelmente), Al Pacino interpreta Jimmy Hoffa contracenando a maior parte do filme com Sheeran, diferente do que vimos anteriormente em Fogo contra Fogo ou no Poderoso Chefão 2. – filmes com ambos os atores, no primeiro eles se encontram 2 vezes e no segundo De Niro faz o papel de Vito Corleone jovem enquanto a trama segue a vida adulta de seu filho Michael Corleone, interpretado por Pacino.
Direção, produção e elenco de peso somados a um grande orçamento e uma longa trama apresentados na Netflix em novembro de 2019 e em poucos cinemas pelo mundo retrataram um famoso fato da história americana, baseada no livro “I Heard You Paint Houses: Frank ‘The Irishman’ Sheeran and Closing the Case on Jimmy Hoffa” - no Brasil foi publicado inicialmente como “O Irlandês: Os crimes de Frank Sheeran a serviço da Máfia” – do autor Charles Brandt.
Livro "O Irlandês" de Charles Brandt
O livro é a consequencia de uma escrita investigativa feita por Brandt, através de noticiários e fichas criminais dos diversos personagens da trama, além de pesquisas sobre a biografia de Hoffa e entrevistas feitas com Sheeran durante 5 anos em uma casa de repouso no fim da vida do irlandês.
A partir da biografia de Sheeran nós acompanhamos a entrada dele no crime organizado americano e sua ascensão dentro das relações da máfia com o sindicato comandado por Hoffa. E o seu apelido apresentado na capa do livro original “Pintor de casas” era uma referencia ao sangue de suas vitimas que era jorrado nas paredes de suas casas. O irlandês confessou ao autor do livro que chegou a matar mais de 25 pessoas a sangue frio para Russel Bufalino (interpretado por Joe Pesci no filme).
Apesar do filme mostrar a relação direta da máfia e dos sindicatos no assassinato de JFK e a o assassinato de Hoffa pelas mãos de Frank Sheeran, o mafioso nunca confessou saber sobre o envolvimento de seus chefes na morte do presidente americano ou o seu próprio envolvimento na morte de Hoffa.
Jimmy Hoffa foi uma figura muito importante para o cenário sindical americano desde os anos 1930 e seu desaparecimento em julho de 1975 foi investigado por vários órgãos da justiça e da polícia americana, nenhuma prova foi levantada contra Sheeran, nem mesmo seus relatos no fim da vida podem ser usados como prova do seu assassinato.
Jimmy Hoffa em um dos caminhões do Sidicato
Hoffa aqui interpretado por Al Pacino já recebeu outro filme onde era o personagem principal, em 1992, dirigido por Danny De Vito (Irmãos Gêmeos) e interpretado por Jack Nicholson ( O iluminado). O sindicalista reunia diversos grupos sindicais de caminhoneiros pelos Estados Unidos e Canada e tinha intimo relacionamento com a máfia americana, por isso, foi perseguido irmão do presidente JFK e procurador geral “Bob” Kennedy.
Robert foi o primeiro político americano a perseguir e conseguir atormentar a máfia americana e era odiado por Hoffa. Assim como existem relatos, no filme, de apoio da máfia na candidatura de JFK e a insatisfação do crime organizado com a falta de reação estadunidense a Revolução cubana e o poder dado a RFK para minar os lucros criminosos. Vale lembrar que não somente o desaparecimento de Hoffa é ligado a máfia, mas temos os assassinatos dos Kennedy também apontando para grupos criminosos insatisfeitos.
Por toda esta história paira uma nuvem de envolvimentos em crimes fiscais, eleitorais, homicídios, suborno de jurados, fraudes. Uma trama que é a cara de Martin Scorsese e seu elenco “mafioso” (os três atores principais já são reconhecidos por seus papeis sobre a máfia).
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